Feliz com quem sou
Pedro Quaresma da Silva
09.12.21
- É feliz com quem é?
Esta é uma reflexão que diariamente ocupa uma parte do meu dia. É para mim muito importante perceber o quanto sou boa companhia para o eu que tanto precisa de mim. De manhã, quando me levanto, tenho vários rituais sendo uns mais sérios e outros mais loucos, porque esse é quem sou. A minha atitude e postura perante a forma que tenho de passar por esta viagem que é a vida, tento que seja sempre de acordo com quem sou, para que me sinta sempre coerente comigo mesmo.
Entre brincar em frente ao espelho com a minha aparência quando acabo de acordar, e dançar a caminho do chuveiro, também penso na alegria de acordar e ter acesso pleno à vida que escolhi.
Por vezes, não poucas, lembro-me que sou a pessoa que me vai acompanhar até ao meu último suspiro, e da responsabilidade que isso significa para a minha felicidade. Esse é o peso do quem sou, e o que torna tão importante o facto de ser feliz com quem sou.
A consciência de quem sou, ajuda-me diariamente a entender o meu percurso e as minhas opções ao longo da viagem que é a minha existência. A forma como existo, por seu turno, define também a forma como tomo e assumo as minhas opções, pelo que, deste modo torno-me mais coerente, feliz e assertivo nas minhas decisões, sem prejuízo da essência que me move.
É frequente, eu perguntar a pessoas que vou conhecendo ao longo desta aventura:
- Quem és?
De um modo geral, as pessoas ficam confusas com a pergunta, sorriem, e dizem-me um nome, uma idade, um estado civil, e uma profissão. Por vezes dizem-me mais qualquer coisa, mas na mesma linha. Em resposta, pergunto à pessoa se não é mais do que a informação do Cartão de Cidadão (CC).
A vida tem tantas coisas boas que nos identificam e que tanto dizem de nós, tem tanta música, tantos cheiros, tantas brisas, tantas paisagens, tantas pessoas, tantas cidades, vilas e aldeias, tantas culturas, e nós limitamos quem somos à informação do CC. A questão, é que passamos pela vida, como quem viaja de comboio sentado do lado da janela, e para quem a única utilidade desta é encostar a cabeça para dormitar, não usufruindo da viagem, apenas viajando. Quando chegam ao fim da viagem, alguém pergunta como correu a viagem, e a resposta não passa de: - Foi tranquila. É verdade que é muito importante que façamos a viagem (vivamos), de forma tranquila, mas isso não significa que deva ser feita sem usufruir de tudo o que ela tem para oferecer, para nos fazer crescer e ser mais felizes. Aquela janela do comboio, como a janela da vida, tem tantas coisas magníficas para ver, sentir, inspirar…
Quanto mais nos envolvermos na vida, ao invés de apenas nos permitirmos passar por ela, maior será a probabilidade de nos autoconhecermos, e desse modo percebermos quem somos, aumentando o orgulho de quem somos, e a felicidade de sermos quem somos.
Lembro-me sempre que não vivo vivendo. Mas vivendo… VIVO!
Posto isto, é feliz com quem é?
Pedro Quaresma da Silva
*Artigo publicado no portal Sapo Lifestyle